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(ENEM PPL - 2015)TEXTO I Quem sabe, devido s ativi

Português | Interpretação de texto | intertextualidade
Português | Interpretação de texto | narração | elementos da narrativa | personagem na narrativa
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(ENEM PPL - 2015)

TEXTO I

Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa, nesses idílios Vadinho dizia-lhe "Meu manuê de milho verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda", e tais comparações gastronômicas davam justa ideia de certo encanto sensual e caseiro de dona Flor a esconder-se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhecia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia controlada de tímida, aquele recatado desejo fazendo-se violência e mesmo incontinência ao libertarse na cama.

AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Martins, 1966.

 

TEXTO II

As suas mãos trabalham na braguilha das calças do falecido. Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim que o marido gostava de começar as intimidades. Um fazer de conta que era outra coisa, a exemplo do gato que distrai o olhar enquanto segura a presa nas patas. Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em casa e se queixava que tinha um botão a cair. Calada, Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e se posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres.

COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

Tema recorrente nas obras de Jorge Amado, a figura feminina aparece, no fragmento, retratada de forma semelhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto. Nesses dois textos, com relação ao universo feminino em seu contexto doméstico, observa-se que 

A

o desejo sexual é entendido como uma fraqueza moral, incompatível com a mulher casada. 

B

a mulher tem um comportamento marcado por convenções de papéis sexuais. 

C

à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos gestos, olhares e silêncios que ensaiam. 

D

a mulher incorpora o sentimento de culpa e age com apatia, como no mito bíblico da serpente. 

E

a dissimulação e a malícia fazem parte do repertório feminino nos espaços público e íntimo.